Adivinho o teu corpo dentro da noite. Soltos os cabelos
cor de areia fina, delidos os contornos no linho do lençol.
Dormes tranquilamente. Tudo em mim é presença tua.
E, enquanto dormes, algo de mim habita e persiste em ti.
Tu dormes e eu espreito o teu sono. Algo de fluido
nos liga e envolve. Vejo-te lucilar na noite, teus longos
inteiriçados membros fremindo. Momento breve que perdura.
Depois acordas cinzenta, banhada em pranto, oferecendo
o perfil suave ao beijo morno de um céu onde a aurora se demora.
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