"Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir..."
-Álvaro de Campos

domingo, 8 de janeiro de 2012

Monólogo

Adivinho o teu corpo dentro da noite. Soltos os cabelos
cor de areia fina, delidos os contornos no linho do lençol.
Dormes tranquilamente. Tudo em mim é presença tua.
E, enquanto dormes, algo de mim habita e persiste em ti. 
Tu dormes e eu espreito o teu sono. Algo de fluido
nos liga e envolve. Vejo-te lucilar na noite, teus longos
inteiriçados membros fremindo. Momento breve que perdura. 
Depois acordas cinzenta, banhada em pranto, oferecendo
o perfil suave ao beijo morno de um céu onde a aurora se demora. 

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