O desejar da tua pele, da tua voz bem próxima ao meu ouvido
tornando-se pura melodia, do teu sorriso rasgado, do conforto dos teus braços.
Sei o essencial, por enquanto invento tudo o resto. Invento
as estações futuras, as nossas tardes no sofá a entrelaçar os nossos dedos
enquanto a chuva cai lá fora, o nosso jeito de amar sem medida.
Tenho a sabedoria da dor e desconforto da dificuldade de
aguardar pelo nosso encontro, mas não deixes que te abale, as tuas mãos
seguram-me e as tuas palavras implantaram-me uma tremenda vontade de possuir
cada vez mais.
Temo pela impossibilidade daquilo que não tivemos ainda.
Nada é definitivo, o sentimento possui oscilações, as dificuldades avançam, mas
nada nos é impossível, temos a força do para sempre.
No fim de cada noite, eu sei sempre que não me pertenço, nem
à vida, nem à morte, nem aos Deuses, mas a um ser distante que moldou todo o
meu interior e ateou uma guerra em mim, uma luta pelo amor, sem certeza do
tempo de espera e enviando-me somente para uma fila interminável de
esperançosos.
A nossa história escreveu-se, escreveu-se bem longe das
nossas próprias mãos mas sabemos a nossa verdade, e o destino também a sabe.
Ouves a conversa muda entre os nossos corpos? O meu corpo
não quer mentir, ele anseia pela derradeira hora em que ficará junto ao teu
como um só, ambos transpirados, os meus lábios a aproximarem-se dos teus, o teu
rosto por entre as minhas mãos, arrepios na espinha enquanto a tua mão desliza
por mim, todos os sentidos a fermentar no silêncio da nossa noite. Tremo por
dentro. Os suspiros ecoam, as raízes do cabelo eletrificam-se, todo o universo
se resume ao instante em que as nossas línguas se envolvem.
A minha voz escorrega-me entre o consciente e o
inconsciente, será ilusão? Este campo de batalha em que os nossos movimentos se
debatem para formar um uno, será ilusão?
Um excesso de vibração, um contorcer, provas de que tudo é
real. Os teus espasmos subtis voam-me pelo corpo e provam-me que é real.
Era quase noite quando nos tocámos e em breve amanhecerá.
Sei que o nosso amor consegue ser mais forte que a própria
vertigem do abismo, entrego-me a ti e permanecerei imune ao mundo, às mentiras,
à dor.
Nunca olhos humanos avistaram tamanha força da natureza, o
que sentimos, será assim até os nossos corpos se desintegrarem."
-Texto para o Concurso Nacional de Textos de Amor
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