"Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir..."
-Álvaro de Campos

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"Sim, estou farto do corpo e da alma."

Ela desejou morrer. Desejou-o com tanta força que por momentos pensou em fazê-lo.
Acabar com a própria vida de forma tão fácil e rápida como respirar. 
Deitada na cama, aquele ser que não se reconhecia, sentia tonturas fortes e arrepios na espinha.
O olhar percorria as 4 paredes à sua volta de forma desesperada, as batidas do coração eram tão fortes que poderia dizer que se ouviam por toda a rua escura. 
Fechou os olhos e deixou-se chorar. Desta vez não tentou parar aquela dor vazia. 
O seu corpo tremia e a respiração tornava-se ofegante com o passar do tempo.
Tudo lhe parecia distante, e ela só queria acabar com aquilo
Aquilo chamado vida. Fim absoluto. 
O choro, agora audível, tornou as batidas ainda mais fortes e a respiração presa. 
Uma forte dor no peito indicava que o seu corpo pedia reforços.
Mas aquele invólucro humano não se mexeu. 
Deitada nos lençóis brancos, pedia ao vazio que tudo terminasse de uma vez. 
Levantou-se, e a cambalear pelos azulejos frios, olhou para os comprimidos e pensou no que aconteceria se os tomasse todos. 
Contudo, controlou o seu desejo e tomou apenas um.
Deitou-se agarrada à almofada e esperou que a tempestade passasse.
Minutos depois, o efeito apareceu: teve uma noite tranquila.
Eram 4h da manhã quando viu as horas pela última vez


Não pode existir repetição. Numa próxima oportunidade, talvez o desejo seja mais forte que a razão.


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