"Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir..."
-Álvaro de Campos

sábado, 16 de novembro de 2013

Utopia.


"-Quero ver-te amanhã à noite. Ela ligou-me, e afinal só vai regressar no dia seguinte ao previsto. Precisamos de conversar. Vem até cá.

Ouvi, fielmente, mas respondi-lhe que não. Aquela resposta saiu-me bem do interior do meu orgulho ferido. Esforcei-me para controlar a voz, não queria que Patrícia notasse o caos em que estou. Apesar da ideia de a ter novamente nas minhas mãos ser bastante agradável, preciso de tempo para mim. Aquele tempo necessário para se pensar em todas as merdas que se fez na vida e refazer algumas escolhas. Estou tão cansada de tudo o que tenho vivido. Eu sei, ela jamais vai deixar a Daniela por mim. Mas, aquela expressão “a esperança é a última a morrer” tem sido o meu alimento, e a minha fome nunca está saciada. Quanto tempo mais iria permitir-me a mim mesma viver um amor solitário? Ando a perder tantas oportunidades de ser feliz. Mas este amor (se é que se pode chamar amor, em vez de obsessão) consumia-me todos os dias, cada uma das minhas forças, e não havia forma de lutar contra ele. Acabo sempre por insistir uma vez mais em algo que eu tomo como perdido. Pergunto-me constantemente, é isto que está destinado para mim? Mas o destino não existe. As decisões, sou eu que as tomo."

(Livro pessoal)

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