"-Quero ver-te amanhã à noite. Ela ligou-me, e afinal
só vai regressar no dia seguinte ao previsto. Precisamos de conversar. Vem até
cá.
Ouvi, fielmente, mas respondi-lhe que não. Aquela
resposta saiu-me bem do interior do meu orgulho ferido. Esforcei-me para
controlar a voz, não queria que Patrícia notasse o caos em que estou. Apesar da
ideia de a ter novamente nas minhas mãos ser bastante agradável, preciso de
tempo para mim. Aquele tempo necessário para se pensar em todas as merdas que
se fez na vida e refazer algumas escolhas. Estou tão cansada de tudo o que
tenho vivido. Eu sei, ela jamais vai deixar a Daniela por mim. Mas, aquela expressão
“a esperança é a última a morrer” tem sido o meu alimento, e a minha fome nunca
está saciada. Quanto tempo mais iria permitir-me a mim mesma viver um amor
solitário? Ando a perder tantas oportunidades de ser feliz. Mas este amor (se é
que se pode chamar amor, em vez de obsessão) consumia-me todos os dias, cada
uma das minhas forças, e não havia forma de lutar contra ele. Acabo sempre por
insistir uma vez mais em algo que eu tomo como perdido. Pergunto-me
constantemente, é isto que está destinado para mim? Mas o destino não existe.
As decisões, sou eu que as tomo."
(Livro pessoal)
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