Eram quase 10h da noite quando vi a morte passar-me à frente num fiat punto vermelho.
Foram frações de segundos, o cheiro a pneu queimado, a brisa devido à velocidade com que ela me passara que levou os meus cabelos soltos a esvoaçar.
Imobilizei. Olhei para ela, de trás e percebi.
Como seria se naquele momento eu tivesse continuado a andar?
Tantas coisas iam ficar por dizer.
E os abraços que estão pendentes? As conversas de café, os jantares planeados para o futuro, como iria deixar escapar isso assim tão repentinamente?
Teria sido o meu fim. Ali. Num sítio que mal conheço.
E os meus pais? Como ficariam eles? A minha irmã? Os meus amigos mais próximos?
Há tanto que eu quero fazer ainda. Eu ainda tenho muito para dizer, não quero ficar por aqui!
Depois de uma noite de tantos risos, seria aquele o meu fim trágico?
Não quero nem pensar nisso. É tão fácil morrer.
Sim. A morte convida-nos para sua companhia a cada segundo que estamos vivos.
Viver é mais difícil.
Após esta noite, percebi. A escolha mais difícil é a que quero para mim.
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