"Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir..."
-Álvaro de Campos

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Loucos nas valetas.

Loucos nas valetas pestilentas,
Mágoas afogadas em vómitos hediondos.
Dilatação das pupilas.
Os corpos sobrepostos, vazios, como invólucros.
As máscaras caídas pelas ruas gélidas da noite taciturna.
Choram sobre os escombros da vida, desabam-se os sentimentos.
Vêm-se ao longe as silhuetas dos sóbrios que acenam com a cabeça, como se a vida não pedisse alguma demência.
Nunca ninguém será alguém, esta passagem física é momentânea, porém inútil.

Ensaiam-se risos por entre diálogos, não vá o hábito de rir cair no esquecimento.
Riem-se, fingem alegrias, sentem agonias.
Riem-se.

Como se fosse vivido. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pedro Chagas Freitas

"Sê uma rameira, uma prostituta, uma vadia, uma meretriz. Sê fácil para quem amas. Perdoa quem amas. Dá uma trancada no orgulho e dá uma trancada – ou várias – em quem amas. Não evites viver. Não evites, também, sofrer e fazer sofrer de novo, magoar e ser magoada de novo, chorar e ser chorada de novo. Não evites arriscar, não evites temer estar a ir longe demais. Não evites: não te evites. Porque é viver, e mais nada, que é inevitável."

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


Há quem diga que só nos apaixonamos uma vez na vida. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Demente, cada vez mais.

Não sei quem sou
Esta loucura impede-me de distinguir
O sonho da realidade
Tudo me parece ilusório.

Não sei por quê
E talvez nunca o saiba,
A clareza do olhar impede-me
De ser inconsciente
E poder olhar a vida sem interrogações.

Cada gesto liga o interruptor
Das minhas defesas naturais
E à minha volta logo acciono
A muralha de defesa.

Não sei o que sinto
Nem sei se o sinto
A minha mente flutua
Entre o ser e o não ser
A verdade e o sonho

A vida vivida e a imaginada


sábado, 4 de janeiro de 2014

Apagada.

Um shot de tequila?
Dois,três...a sagrada água verde (absinto), wisky, tequila, vodka, tequila, tequila, tequila...
Puxou de um cigarro, seguido de outro, num piscar de olhos lá se foi o maço...
Então, foda-se!
Sentiu a vibração da música na ponta dos dedos,
o corpo mexia-se sozinho
ligeiras lesões cerebrais
Tudo escuro à sua frente
as vozes distantes
"estás bem?"
Não sentia nada, os problemas desapareceram
da sua cabeça, pelo menos.
Mais um shot?
O derradeiro fim.
Completamente apagada.
E a noite acabou ali, num vómito.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Os nossos dias.

Inspirações profundas, lábios presos por entre os dentes.
As horas escasseiam, embora naquelas quatro paredes sejam esquecidas.
O cheiro do teu corpo, inconfundível, único.
Ficaria tempos infinitos a olhar-nos. 
Como se nada mais importasse.

Está a escurecer.
"Não vás embora"- grito em silêncio. 
O amor nasce ali, com a envolvência de sentimentos mútuos. 
Medo do previsível fim. 
Vou guardar cada memória nossa. 
A tua imagem clara à minha frente. 
Vou guardá-la para os tempos de saudade. 
As noites de fome insaciada da tua presença. 
Abraço os nossos dias. 
Com medo do fim.  


domingo, 15 de dezembro de 2013

Borboletas.

Aqueles insetos tão puramente apreciados
Esvoaçavam, guerreavam, cada um pelo seu pequeno espaço.
“Borboletas no estômago” dizem.
Literalmente não, literalmente seria sinistro.
Uma metáfora, chamamos-lhe assim.
Contudo, não havia outra forma de descrever aquele formigueiro estranho ao fundo das costelas.
Quando é que elas tinham entrado para o meu corpo?
Não dei conta. Pensava que as cinzas iriam impedir que novas borboletas se instalassem.
Mas ali estavam. Acabadas de nascer, alagadas de nova força.
Há quanto tempo!
Quase caíram no esquecimento.
Mas ali estavam.

Borboletas.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sinistro.

Eram quase 10h da noite quando vi a morte passar-me à frente num fiat punto vermelho. 
Foram frações de segundos, o cheiro a pneu queimado, a brisa devido à velocidade com que ela me passara que levou os meus cabelos soltos a esvoaçar. 
Imobilizei. Olhei para ela, de trás e percebi. 
Como seria se naquele momento eu tivesse continuado a andar? 
Tantas coisas iam ficar por dizer. 
E os abraços que estão pendentes? As conversas de café, os jantares planeados para o futuro, como iria deixar escapar isso assim tão repentinamente? 

Teria sido o meu fim. Ali. Num sítio que mal conheço.
E os meus pais? Como ficariam eles? A minha irmã? Os meus amigos mais próximos? 
Há tanto que eu quero fazer ainda. Eu ainda tenho muito para dizer, não quero ficar por aqui! 
Depois de uma noite de tantos risos, seria aquele o meu fim trágico?
Não quero nem pensar nisso. É tão fácil morrer. 
Sim. A morte convida-nos para sua companhia a cada segundo que estamos vivos.
Viver é mais difícil. 
Após esta noite, percebi. A escolha mais difícil é a que quero para mim. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

11 de Setembro, 2013

O peso do meu corpo tomba para o lado insensível.
Caminho comodamente pelo vazio.
Vejo árvores negras de ambos os lados, olhos invisiveis pairam acima de mim.
O ar está pesado, carregado de negatividade.
São palavras que surgem do cansaço mental, da pequena vida sem significado.
À noite tudo se encontra em silêncio, com exceção dos meus pensamentos.
Estes reencarnam a cada luar!
Cheios de energia pronta a ser gasta!
Fervilham confusos, empurrando-se uns aos outros, causando-me náuseas e insónias.
Pudesse eu desligar a minha atividade cerebral.
Pudesse eu desligar cada um dos meus órgãos.

E descansar.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013



Tinha tantas saudades tuas.
Os teus abraços valem mais do que mil amores.
Se existem pessoas com sorte, eu sou uma delas por poder ter uma amizade como a nossa. 
Amo-te loira.